Portugal é um território abençoado pela sua localização e, inerentemente, pela feliz conjugação do binómio clima e meio ambiente.
Muitos antes de os portugueses sonharem com a criação do seu Reino já os povos primitivos tinham chegado a esse conclusão.
A riqueza histórica e arqueológica que constituiu as raízes do país que ainda somos hoje é de um valor e diversidade que fazem inveja a muitos países com um passado mais estéril.
Mas será que temos a devida consciência desse valor riquíssimo perdido ou abandonado por todo o nosso território?
O nosso passado recente, e pior ainda, o nosso presente, não orgulha nem dignifica o passado de milénios cujos vestígios se vão perdendo.
Se muito do nosso património histórico se perdeu às mãos de um povo que por razões de subsistência o foi adaptando às suas necessidades, pior é quando tal acontece propositadamente a coberto de razões 'superiores' que no fundo se resumem a dinheiro e ganância.
Assim todo e qualquer achado que se tornasse obstáculo a uma obra, publica ou privada, fosse um prédio ou uma barragem era pura e simplesmente apagada do mapa.
Criminoso mas impune neste pais.
Mas o crime maior vem do Estado.
A entidade que devia zelar pelo nosso património, o nosso passado, a nossa cultura, a nossa matriz, é contudo aquele que mais o negligencia.
Tudo quanto não pode reconverter em benefício económico, monumentos mais rentáveis quer em factor do turismo em por reconversão em pousadas com capital privado, é pura e simplesmente votado ao abandono.
Quem goste, como eu, de viajar pelo passado do nosso pais depara com uma podridão que choca e revolta.
Abandonados, sem guarda nem zelo, sem obras de recuperação, beneficiação ou mesmo sem meras indicações mínimas, o nosso património fica ao dispor da enorme franja de vândalos ou meros ignorantes que o transformam em casas de banho ou locais de chuto e bebedeiras.
Temos património como o Cromaleque de Évora, com 7000 anos de imponência onde podemos apreciar no seu interior fogueiras, dejectos humanos e lixo variado, ou Castelos que, embora ainda imponentes, por não migrarem igualmente para o litoral povoado do pais, vão-se degradando e assumindo-se como ruínas.
Triste povo este que abraça o seu futuro sombrio destruindo o seu passado glorioso.